sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O rato e as tias

Naquele dia o rato roía os restos que a tia deixara na pia

Estava contente e ferrou um dente na parte da frente de um bife ainda quente.

Não viu que lá vinha a gata fuinha, da casa, rainha, que à pia chegada, sem fazer mais nada, vai co’a pata: zás, e atira o rato lá bem para trás.

Gemeu o coitado, dorido e apertado, assim entalado e ainda engasgado com o bife que a gata, manhosa, com a pata, lhe roubou. Gulosa!

Do ínfimo rato fez gato-sapato, e o pobre à coca, de água na boca, a um canto encolhido, nem deu um gemido quando a gata ladrona, miou para a dona antes de ir embora, as unhas de fora, o olhar velhaco e segura de si, disse para a tia: está um rato aqui, no canto da pia!

Foi então que a dona, pegou na esfregona, saltou e gritou, p’ra mana Maria: ‘stá um rato na pia!

E o rato a tremer, sem mais que fazer, nem quem lhe acudir, desatou a correr, toca a fugir!

Já o gato contente vai ferrando o dente na carne ainda quente que o rato, valente, ainda cheirou, mas não arriscou deixar-se ficar, e as tias lá vão, esfregona na mão, batendo no chão, p’ro bicho sair do buraco aberto que em horas de aperto, é refúgio certo.

De dente afilado, já descansado, e bem seguro depois de passado para lá do muro, vai rindo daí: ih,ih…ih,ih,ih ao vê-las saltar e ouvi-las gritar: ratinho anda cá, e ele onde está, vendo as artimanhas, chia então de lá: Aqui não me apanhas, aqui não me apanhas!!

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